31 de dezembro. 23:32:45. Eu prometeria em poucos instantes, a mim mesma, amores, coisas, e ideais. Como todas as outras pessoas que comigo ali estavam, compartilhando e festejando o surgimento do fim de tal década.
Promessas de ano novo, pular ondinhas, usar branco, comer lentilha, beber “champagne”, são pequenos detalhes ou crenças de uma idéia sustentada pela sociedade que se diz democrática. Assim sendo, homens, mulheres, velhos, andrógenos, gays, lésbicas andam de mãos dadas visando apenas o fim da década. Pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião.
Os raios coloridos de fogos de artifício, pincelados na negritude da noite, iluminariam os olhos das crianças, que ali só, estavam. Infelizes. Todos bem vestidos, cabelo bem fixado, e estômago fraco. Nem humildade, nem simplicidade, nem ao menos ingenuidade. Do que adianta então, todos os pedidos, agradecimentos, festas, se seus pais nem valores lhes ensinaram?
Ali, eu pensava, de cabelo solto, chinelo nos pés, e vestido largo, quantas promessas fazemos? Por quantas vezes uma fé que nos anima nos faz apenas fazer promessas, pedidos? Pouco tempo depois esquecemo-nos. É como um barco, na imensidão do oceano: são tantas ondas por que passa, que talvez a única que o levaria para outra direção ( talvez a certa ), é esquecida, deixada para trás, como as tantas outras, e outras...
23:59:14, em quarenta e quatro segundos, tudo se tornaria novo, eu renasceria. Prometi como sempre a mim mesma, que cumpriria a minha promessa: não mais prometer.
Samantha Karpe
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