quarta-feira, 22 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Meu Oceano Particular

Quando eu era criança, o verão era a melhor época do ano. Se íamos para a praia, eu brincava na pracinha. Se a grana estava curta, montávamos a piscina.
Lá pelas dez horas limpávamos e montávamos a piscina de mil litros. Enchíamos com a mangueira verde, esperando a água amornar.
Levava meus brinquedos para dentro da piscina, imaginando que eu estava no fundo do oceano, nadando com os golfinhos.
Teve uma época em que eu imaginava que poderia me comunicar com os golfinhos, se visse algum. Eu queria muito ser um golfinho. Talvez porque eu poderia viver o tempo todo dentro da água.
Sempre gostei muito de água. Quando minha irmã me ensinou a mergulhar, achei que talvez eu pudesse ficar muito tempo submersa. Ficava o tempo todo prendendo as narinas com os dedos e imergindo, procurando cada vez mais superar meu “recorde”.
Um tempo depois já não precisava mais usar os dedos, pois prender a respiração já havia se tornado um hábito.
No inverno eu sentia muita falta dos meus mergulhos. Deitava na cama e pedia para o meu pai cronometrar o tempo que eu conseguia ficar sem respirar.
Mas hoje a piscina Mor já não é mais montada, meus brinquedos já foram doados e meus pulmões não têm mais força total. E eu sei que nunca serei um golfinho.


Isabel Gonzales Dermann, agosto de 2010.

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