E na hora marcada, eu estava lá. Em meio a secadores, esmaltes e mulheres maravilhosas com grandes histórias para contar. Fofocas e mais fofocas, quer um lugar mais próprio para isso?
A conversa era geral, dos assuntos mais diversos e, pelo reflexo do espelho, me deti a um deles.
Uma mulher, de aproximadamente cinqüenta anos, se ajeitava na cadeira, inquieta. Escolhi meu corte, com um pouco de receio e a cabeleireira pegou a tesoura. Quando, ao olhar de novo para o espelho, não achei a senhora. Depois de um silêncio seguido de gargalhadas, voltei-me para a direita e a encontrei. Ela havia escolhido a cor do esmalte e estava, agora, conversando com a manicure. Novamente me prendi a ela pelo reflexo e a ouvi contando sua história de vida. O marido havia lhe traído e ela, com o pouco de dinheiro que lhe restara, comprou um mansoléu de madeira em um bairro pobre. Trabalhava cuidando de uma idosa, quando sua casa pegou fogo e semanas depois, a velha já doente, morreu.
Foi quando ouvi uma voz repetindo meu nome inúmeras vezes, olhei-me no espelho. Uma franja que enfatizava um olhar de adolescente, com pouca sabedoria, mas muita vontade de viver.
E antes de sair pela porta, olhei a última vez para aquela mulher, de unhas verdes.
Carolina Vieira
2 comentários:
Muito bom eu gostei
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