quinta-feira, 30 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Insetos me picaram

Poderia haver algo mais horrível naquele mísero instante? Por  dentro, eu repuxava os lábios, meus olhos saltavam das órbitas. Sentia a mucosa bucal retorcer-se e a língua formigar fortemente. Parecia que, legitimamente, eu entregava minha boquinha a todos os insetos com capacidade de picar. Para ser franca, até imaginei essa cena. Eu gritei internamente, perguntando-me que porcaria era aquela. Mas conhecendo-me bem, você saberia que nunca eu me daria por vencida.
-Então? O limão é forte?
-Nada de mais - respondi calmamente sem nem ao menos expressar um mínimo de aversão.
Nada de mais? Se eu houvesse apenas tocado os alvéolos esverdeados com a ponta da língua como era a proposta (por querer provar que era melhor que meu irmão em algo), o que ainda assim seria demais, eu poderia expressar veridicamente, com uma pontinha de mentira, que não era nada de mais. Entretanto, a sujeira foi grande.
Cócegas não estavam previstas no regulamento.
O momento era tenso, coberto de uma vaga hesitação sobre a besteira que eu fazia, e a surpresa pelas mãos safadas que me agarraram de súbito a parte mole da carne acima da cintura, fez meus dentes penetrarem por entre as ramificações da metade do limão verde.
A parte que se salvara reservara-se apenas ao espaço vazio do dente que nasceria. As entranhas contorceram-se, eu achei horrível, mas não era nada de mais.
-Será que o Bob - nosso cachorro - vai gostar?
-Por que não? Ele não adora a ração redondinha que é verde? Quem sabe...
-Bob, vem cá, eu tenho uma surpresinha para você - meu irmão chamou o animal, que veio faceiro.
Eu esbocei um sorriso sapeca, com a língua para fora do canto da boca e esfreguei minhas mãozinhas...
Te prepara!

                                                                                                                Rodrigo Schimit Lemmertz

2 comentários:

Unknown disse...

Quem escreveu esta crônica?

Bel disse...

esqueci de colocar ^^'
o Rodrigo

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