quinta-feira, 11 de novembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Hoje parei para pensar

Hoje parei para pensar, devo escrever? Mas minha “praia” não é a música? Então depois de pensar no que escrever e lembrei do meu celular.
"Onde está meu celular? Me sinto pelado sem meu celular”. Epa! Que foi que eu disse? Pelado? Essa é uma frase que se tornou normal entre pessoas hoje em dia, mas que deu um impacto tão grande em mim.
Porquê essa dependência? 
"Deve ser porque contém nossas fotos!"
E a boa e velha câmera?
"Então deve ser porque contém nossos contatos!"
E o bloquinho de notas, ou a agenda telefônica? 
"Ah, lógico, contém nossos joguinhos e tudo mais!"
E o bom e velho mini-game? 
Certamente que o celular reuniu tudo isso em um só aparelho, dando praticidade, mas por que nos sentimos pelados? Dependência tecnológica, todos temos, não adianta negar, todos querem ter o melhor, o mais fantástico, que praticamente voa. 
Perdemos a liberdade pra nós mesmos! Já tentou sair de casa sem celular? Sem rumo? Sem hora pra voltar? Somente você e seu pequeno ego? Esqueci que seu “carinha” tem que “upar” no jogo online, ou suas amigas tem que saber as fofocas por MSN, ou “e se meus pais tentarem me achar?”
Conhece o bom e velho “orelhão”? Não aquela coisa na sua cabeça que provavelmente serve para pendurar seus brincos e piercings da moda, e sim aquele telefone grandão que fica na rua que na minha época era laranja, pode dar um sinal de vida por ele, mas a liberdade antiga que tínhamos sem o celular, internet, computador, já se foi faz tempo com um pirocóptero, pião ou algum brinquedo substituído pelo maravilhoso mundo digital.

                                                                                                                              Bruno Moraes (Jow)
terça-feira, 26 de outubro de 2010 | By: Carolina Vieira

Somente uma coisa; somente eu

Há tantas coisas, tantas ações executadas por nós, humanos. Coisas que passam despercebidas por nós. Mas, se repararmos bem, há somente uma coisa no mundo que somente nós podemos fazer por nós mesmos: cocô!
Provavelmente deve estar pensando que há outra coisa que pode ser feita somente por nós, mas não há. Por exemplo, o xixi. Uma pessoa pode te segurar diante do vaso (se você for homem) e mirar por você e, depois, até mesmo sacudir. Mas e quanto a leitura, conquistar um grande amor ou fazer amor? Leitura alguém pode fazer por você, em voz alta. Conquistar alguém também, é só pedir para um poeta escrever poemas no seu lugar e a garota cai na tua. Quanto ao fazer amor, até isso outra pessoa pode fazer no teu lugar, é o que diz o padeiro aqui perto, Ricardo.
Ah, mas cocô não! Não é a mesma coisa que o xixi, só ter alguém por perto que tudo flui. Não. O ato de “fazer o número 2”, como é conhecido no popular, tem todo um ritual. É você quem escolhe o que vai ler, que caderno da Zero Hora vai te desestressar, deixar que as coisas escoam com naturalidade. Somente você sabe que pensamentos pensar nesse momento de completa calmaria interior. É o momento em que corruptos tornam-se filósofos. Há até quem acenda um incenso, mas não vamos entrar nesse mérito.
Enão, hoje, quando for para o seu trono, repare que você é único ao fazer isso. Só você pode fazer o teu cocô da maneira que faz, com tamanha habilidade e sutileza. Valorize o teu cocô, pois ele é uma obra unicamente tua. 
                             
                                                                                                                                      Matheus Penafiel
quarta-feira, 6 de outubro de 2010 | By: Carolina Vieira

Tantas

31 de dezembro. 23:32:45. Eu prometeria em poucos instantes, a mim mesma, amores, coisas, e ideais. Como todas as outras pessoas que comigo ali estavam, compartilhando e festejando o surgimento do fim de tal década.
Promessas de ano novo, pular ondinhas, usar branco, comer lentilha, beber “champagne”, são pequenos detalhes ou crenças de uma idéia sustentada pela sociedade que se diz democrática. Assim sendo, homens, mulheres, velhos, andrógenos, gays, lésbicas andam de mãos dadas visando apenas o fim da década. Pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião.
Os raios coloridos de fogos de artifício, pincelados na negritude da noite, iluminariam os olhos das crianças, que ali só, estavam. Infelizes. Todos bem vestidos, cabelo bem fixado, e estômago fraco. Nem humildade, nem simplicidade, nem ao menos ingenuidade. Do que adianta então, todos os pedidos, agradecimentos, festas, se seus pais nem valores lhes ensinaram?
Ali, eu pensava, de cabelo solto, chinelo nos pés, e vestido largo, quantas promessas fazemos? Por quantas vezes uma fé que nos anima nos faz apenas fazer promessas, pedidos? Pouco tempo depois esquecemo-nos. É como um barco, na imensidão do oceano: são tantas ondas por que passa, que talvez a única que o levaria para outra direção ( talvez a certa ), é esquecida, deixada para trás, como as tantas outras, e outras...
23:59:14, em quarenta e quatro segundos, tudo se tornaria novo, eu renasceria. Prometi como sempre a mim mesma, que cumpriria a minha promessa: não mais prometer.

                                                                                                                                        Samantha Karpe
domingo, 3 de outubro de 2010 | By: Carolina Vieira

Mico é ter medo de pagar mico

Mico. Definido pelo dicionário seria um nome comum a diversos macacos calitriquídeos, mas o substantivo já é tão usado por nós, jovens, que meu novo Aurélio tem uma segunda definição para a palavra: vexame. Quantas vezes já pedimos “Mãe, não faz isso. Não me faz pagar mico.”?
Eu nasci com um dom maravilhoso: tenho uma cara-de-pau incrível. É claro, às vezes dá aquele anseio de fazer uma coisa sozinha, todo mundo olhando para você e só você. E a maioria das ocasiões que peço para minhas amigas me acompanharem em alguma atitude “micosa” elas dão a mesma desculpa: “Tá louca? Que mico!”
E quer saber? Vocês é que estão perdendo! Eu posso contar vários amigos, conversas, passeios, caronas, teatros, vantagens, trovas e risos – MUITOS risos – que ganhei por ter feito tal coisa mesmo com medo de mico.
No mercado de trabalho de hoje, ganha quem tem diferencial. Que me desculpem os tímidos, mas esse diferencial é o poder de falar, mostrar a cara e cativar as pessoas. E pessoas são atraídas por quem é autoconfiante e carismático.
Sempre que conheço uma pessoa nova, eu me apresento bem loucamente. Digo meu nome, pergunto o nome dela. Às vezes digo minha idade, puxo assunto. Se a pessoa me respondeu bem, valeu à pena. Se é rude comigo, também. Prefiro descobrir logo de cara quem ela é do que ficar “amiga” e só depois descobrir.
Enfim, se você é muito introvertido meu conselho é: Tire um dia para ir a um lugar totalmente diferente do seu cotidiano, se apresente às pessoas, fale sobre sua vida, pergunte sobre as delas. Se ela gostar de você e vice-e-versa, troquem telefones, e-mail, orkut ou twitter. Se não, você nunca mais vai ver ela na sua vida.
Por que você pode até pagar mico por fazer alguma coisa. Mas nunca pague um king-kong por deixar de fazê-la.

                                                                                                                                              Anne Carow

Futebol pra quê?

Todos gostam de futebol? Todos se emocionam torcendo e vibrando pelo seu time? Pois é, eu não.
Até gosto de assistir meu time jogando, mas o que vai mudar em minha vida se ele ganhar ou se perder? Nada, creio que não muda nada, e se mudar, não percebi.
Meu caso é um tanto engraçado. Meu avô era colorado, eu também. Mas havia um probleminha, toda minha família era gremista. Agora pensem...como eu ficava nessa situação? Bem, pois é, eu ficava muito bem. Anos após a morte do meu avô, virei gramista. Não sei porquê, mas sou gremista. Nada mudou, só mudou o time. E, se quase nada mudou, continuo não gostando de futebol.
Sei que o Brasil é o país do futebol. E daí? Eu sou brasileiro, mas não gosto de futebol. Futebol pra quê? 
                                         
                                                                                                                                     Felipe Boeny Herzer

FEICIT


As apresentações da FEICIT foram na sexta e ontem. Várias pessoas viram nosso projeto e gostaram, assim como os avaliadores, pois conseguimos o segundo lugar \o/
Um agradecimento gigantesco à Carol Vieira, que não pôde participar nas apresentações pelos motivos dela, mas nos ajudou muuuuuuuuuito, com o estande, o blog e suas ideias geniais! Carol, se não fosse a tua ajuda, não teríamos conseguido. Beijo de lhama pra ti!
Bom, esperamos que vocês continuem lendo o blog, pois ao contrário do que alguns pensaram, o blog não acabou junto com a feira.
Ah, lembrando que se conseguirmos várias crônicas legais, pretendemos publicar um livro com elas, então inspirem-se! Ou não, não estamos obrigando ninguém xD
Feito o aviso, os próximos posts terão dos textos escritos POR VOCÊS!

Mais fotos aqui

Beijo da gorda faceira
quinta-feira, 30 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Insetos me picaram

Poderia haver algo mais horrível naquele mísero instante? Por  dentro, eu repuxava os lábios, meus olhos saltavam das órbitas. Sentia a mucosa bucal retorcer-se e a língua formigar fortemente. Parecia que, legitimamente, eu entregava minha boquinha a todos os insetos com capacidade de picar. Para ser franca, até imaginei essa cena. Eu gritei internamente, perguntando-me que porcaria era aquela. Mas conhecendo-me bem, você saberia que nunca eu me daria por vencida.
-Então? O limão é forte?
-Nada de mais - respondi calmamente sem nem ao menos expressar um mínimo de aversão.
Nada de mais? Se eu houvesse apenas tocado os alvéolos esverdeados com a ponta da língua como era a proposta (por querer provar que era melhor que meu irmão em algo), o que ainda assim seria demais, eu poderia expressar veridicamente, com uma pontinha de mentira, que não era nada de mais. Entretanto, a sujeira foi grande.
Cócegas não estavam previstas no regulamento.
O momento era tenso, coberto de uma vaga hesitação sobre a besteira que eu fazia, e a surpresa pelas mãos safadas que me agarraram de súbito a parte mole da carne acima da cintura, fez meus dentes penetrarem por entre as ramificações da metade do limão verde.
A parte que se salvara reservara-se apenas ao espaço vazio do dente que nasceria. As entranhas contorceram-se, eu achei horrível, mas não era nada de mais.
-Será que o Bob - nosso cachorro - vai gostar?
-Por que não? Ele não adora a ração redondinha que é verde? Quem sabe...
-Bob, vem cá, eu tenho uma surpresinha para você - meu irmão chamou o animal, que veio faceiro.
Eu esbocei um sorriso sapeca, com a língua para fora do canto da boca e esfreguei minhas mãozinhas...
Te prepara!

                                                                                                                Rodrigo Schimit Lemmertz
terça-feira, 28 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Jovem Analfabeto

Esses dias eu estava bem bela e feliz lendo mais um dos meus livros rápidos, esse livros que não tenham mais de 600 páginas, que com muito empenho você pode ler em dois ou três dias. Eis que me chega um colega e exclama:
 - Nossa! Você já tá ai? Desde quando você tá lendo esse livro?
É verdade que aquele livro era fascinante e eu havia conseguido chegar à metade do livro em apenas dois dias. Quando respondi, ele ficou surpreso e, como se fosse um grande feito o que estivesse fazendo, falou:
-Faz dois anos que eu estou no mesmo livro, e ainda não terminei ele!
Com um sorriso ele se foi, me deixando de boca aberta.
Com o passar dos dias eu continuei minha leitura, até que numa tarde a professora veio com a nova proposta de livro. Uma novela que não passava mais de 100 páginas. Prontamente fui buscar no mesmo dia, e na mesma noite o terminei. Assim passei os dois dias seguintes lendo e relendo, memorizando a história inteira para a prova.
Quando o trabalho chegou – isso um mês depois – ainda havia gente que não tinha sequer lido, apesar de estar com o livro em mãos. “Não tive tempo” ou “era muito difícil” era isso que a maioria dos meus colegas respondia. Ao perguntar os motivos, percebi que todos foram causados por um mesmo problema: a internet.
Eis que eu cresci sem computador, tendo ganho o meu primeiro quando eu tinha apenas 12 anos. Nessa idade eu já tinha muito presente o hábito de ler livros difíceis (única diversão que eu tinha).  Mas as pessoas que nasceram depois de mim, com no mínimo dois anos de diferença, já não têm isso, mais acostumadas com o “msnintês” e as charges da internet.
Podemos ver refletido hoje nos jovens o único problema da modernidade: eis que a internet facilita tudo, menos na compreensão, criatividade e raciocínio humano. Um computador não vai te explicar exatamente o que um livro do século XIX quer dizer, sendo que nessa época os costumes e gírias eram outros. O único jeito de você conseguir ler um livro completo e entender é: tirar uma tarde para deixar tudo desligado, sentar no sofá e se concentrar. No começo é difícil, mas não impossível.  A prática leva a perfeição: vai chegar uma hora que você poderá ler um livro ater dentro de um ônibus lotado. Só assim o Brasil conseguirá sair de um país de terceiro mundo: quando o povo brasileiro entender para O QUE RELMENTE SERVE UM LIVRO.
Sendo assim, quando você terminar de ler esse texto, pense que o tempo que você perdeu para ler o que eu estava escrevendo, poderia estar lendo um livro de romance, terror, aventura, etc... Mas você pode começar a ler agora, é apenas desligar tudo, se sentar no sofá e começar a ler, entrando num mundo completamente diferente. É difícil, mas não impossível.
                                                                                                             Kymhy Hendges Mattjie Amaral
segunda-feira, 27 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Have a nice day

Hoje, enquanto tomava banho, tive um daqueles pensamentos bizarros, típicos de quando se está tomando banho.
Já notou que as "palavras mágicas" se tornaram extintas? O "obrigado" virou "valeu". O "por favor, Fulano, me alcance a caneta?" se transformou em "dá a caneta aí, ô Fulano". O "com licença", embora ainda usado, virou o que é geralmente um gesto que afaste a pessoa.
Tá, mas e o "tenha um bom dia"? Antigamente, lembro que ia no mercado e a atendente sempre dizia: "Encontrou tudo o que procurava? Volte sempre! Tenha um bom dia!". Mas hoje não, as atendentes não falam mais "tenha um bom dia". As sacolinhas do mercado não tem mais uma carinha amarela e feliz dizendo "tenha um bom dia". As pessoas não estão mais dizendo isso, e eu não entendo o porquê!
Será que todo mundo tá estressado e poupa suas palavras? Será que ninguém tem mais esperança de que o seu dia seja um bom dia? Será que não querem que os outros tenham um bom dia? Será que as pessoas estão com preguiça de falar um "tenha"?
Não sei qual é o paradeiro dele. Talvez tenha sido sequestrado e levado para outros países, onde será mais dito. Talvez tenha acabado para sempre, enterrado no cemitério das palavras e expressões cotidianas, na companhia do Bacana, do Supimpa, do Batuta, do Serelepe e do Ora Bolas.
Espero que um dia um herói venha e resgate o "tenha um bom dia". E que ele distribua-o novamente nas bocas das atendentes de mercado.
                                                                                                                          Isabel Gonzales Dermann

Há algo de errado

Nós tentamos, por vezes, em comodismo ou falta de vontade de opinar, ser indiferentes ao que vemos ou ouvimos, quando algo tem o intento de ofender-nos ou à honra das pessoas honestas que, supostamente vivem de acordo com os padrões de uma sociedade passiva e submissa ao poder legislativo. Há quem diga que unidos fazemos a diferença. Pois façamos! E deixemos os individualistas de lado, com seu orgulho fajuto ou passividade desprezível. Se um quinto desse protesto fizesse efeito sobre aqueles que leem, ouvem e concordam que devem mudar, mas não mudam, viveríamos hoje, em um país questionador e participante das ações internacionais. Os jovens de hoje em dia não mais protestam, pois o governo, tempos atrás, os calou e fez com que hoje fôssemos o que somos, um bando de marmanjos que têm uma vida estável e inalterada. Uma coisinha sem graça, podemos dizer.
Mas o que todo esse papo furado tem a ver com a velhinha do banco? Aquela que, por noticiário descobri ser a vovó trambiqueira que, vestida de freira (ela tem setenta e poucos anos) tentou sacar cerca de dois milhões de reais. Pobrezinha, a velha disse ser inocente, que não teve escolha, que fora obrigada, passava por necessidades. E a coitada da freira que foi caluniada com tudo isso? É no nome dela que a velhinha tentou sacar o dinheiro!
Então paro. Penso. Os idosos estão ficando mais espertos? Será que até eles que, por estipulação das crianças, deveriam carregar o fardo da bondade, da ingenuidade, a fama de bons velhinhos, as más influências destroem? Essa geração contemporânea de velhos é aquela de jovens que, ontem cometiam as mais bárbaras atrocidades em escala gigantesca? Talvez sejam apenas bons velhinhos que acabam aprendendo com os netos... Entretanto, parece que essa situação está invertida. Pela nossa concepção de normalidade deveriam os pequenos aprender com os mais velhos, sejam boas ou más atitudes... Penso novamente. Então os velhos querem tomar o lugar dos jovens! É legal revigorar. Bom saber que ainda têm vontade de viver, que querem voltar aos velhos tempos, onde tudo era maravilhoso, mas nada justifica o uso dessa energia para o mal! Alguém, por obséquio, diga àquela vovó para se olhar no espelho e pôr-se em seu lugar... Quem deve revolucionar são os jovens, ou a sociedade como um todo! Todavia, essa revolução deve ser administrada e controlada. Ninguém quer mais jovens vândalos à solta pelo mundo. Cansamos daqueles que estão à toa ou roubando pelas ruas, casos irrecuperáveis. Está tudo errado! Não bastasse essa juventude mesquinha, que nada faz ou faz tudo errado e esses adultos que vivem alienados ao trabalho, agora também os velhinhos desviar-se-ão da postura eticamente correta?! A sociedade falhou, e algo deve ser feito a respeito, mas como não me destaco entre os demais, nem sequer questiono, prefiro ficar aqui, observando.

Rodrigo Schmitt Lemmertz

Qual o segredo do polvo?

Acabou a copa. Acabou a som das vuvuzelas. Acabou até a matança de aula com a desculpa de olhar os jogos da copa.
Fim de copa meio inesperado... Quem apostaria no time que levou a tão competida taça para casa?!
Mesmo assim foi uma copa normal. Digo “normal” pois não ouve nenhum ocorrido mirabolante ou milagroso. Mas, pensando bem, me lembro de um caso em especial, o famoso polvo Paul.
Provavelmente você já ouviu falar dele, o polvo, que vive em um aquário na Alemanha, acertou quem sairia vitorioso em todos os jogos da copa. Todos! Como um ser, “cá” entre nós, não muito inteligente, conseguiu tal façanha?
Em momentos como este, penso seriamente sobre o assunto. Talvez o polvo venha a ter um intelecto super-desenvolvido, seja capaz de analisar fatos e dar o resultado com 100% de certeza. Talvez seja um polvo amaldiçoado, que quando filhote, tenha recebido “dotes” de alguma cerimônia com magia negra. Pouco provável, não é? Tenho muitas hipóteses, cada uma mais improvável que a outra.
Eu adoraria saber o segredo do polvo, quem sabe usá-lo em corridas de cavalo ou coisas do tipo... Acho que provavelmente um dia saberemos, pois nunca ouvi alguém falar em “ele guarda segredos como um polvo” nem nada parecido. Assim basta esperar o polvo aprender a falar, ou comunicar-se conosco, então ele provavelmente revelará o segredo para nós. xD
                                                                                                                                  Vinícius Diogo Flesch

Há mais coisas em meu quarto do que supõe minha vã filosofia

Que chato, tenho que arrumar meu quarto. Está um pouco desarrumado, admito. Um pouco, é o meu modo de dizer, mal consigo ver o chão do meu quarto e nem a base da escrivaninha.
Não é muita coisa; algumas folhas espalhadas, livros atirados, uma dúzia de aparelhos eletrônicos ali no meio. Pensando bem, é verdade, está uma bagunça.
Dizem que o quarto de uma pessoa é como o interior dela. Não acredite nesse ditado. Agora mesmo pensei em alguns pontos positivos de ter um quarto desorganizado... Bom os livros e folhas cobrindo tudo, os móveis não ficarão sujos, eu não precisarei abrir gavetas para pegar os materiais... Acho que é só isso. Eu só vou ter que conviver com dor no pé, por ficar chutando objetos quando andar; e não vou ter o prazer de ver o chão e minha escrivaninha...
Pensando bem, refletindo com os prós e contras, acho que vou arrumar meu quarto. Vou botar a baixo à “selva” criada por mim mesmo. Quem sabe os perigos que vou encontrar lá...
                                                                                                                                  Vinicius Diogo Flesch

Continência

Auge da infância. Sentimentos fervilhando, na vontade espontânea de extravasar. Correr, pular, berrar. Brincar. E a reprimenda dos pais. Obedecer ao estereótipo dos bons modos na casa dos parentes era o único requisito exigido. Fora isso, poder-se-ia fazer o que se quisesse. Mas o que mais é possível fazer quando se deve usar de bom comportamento?! A firmeza na ordem de não fazer bagunça era clara: não fazer bagunça. O que restava, então, era caminhar pelo pequeno pátio enfeitado de Natal e conversar com os penduricos inanimados e reluzentes. Respondiam com seu próprio reflexo.
Um Papai-Noel de plástico. Inflável. É bem próximo de um ser humano... Talvez, no fundo do inconsciente, naquele cerebrozinho miserável, pelo menos, na imaginação fértil de uma criança, ele pudesse ouvir e entender as pessoas. Uma companhia artificial. Era considerável, uma vez que seria impossível deixar viver a criança interior. Se era preciso manter os ânimos resguardados, também era possível descontar a energia na barba. Aperta. Murcha. Infla novamente. Destrua-a, que ela é capaz de recompor-se.
Um Papai-Noel inflável. Companhia artificial. Um modo de distração naquele Natal tão maravilhoso, tão sereno...

Rodrigo Schmitt Lemmertz

Fica apenas o vazio

O tumulto que seguia àquele momento perdia-se no vazio. Se refletisse melhor antes de agir, não estaria, agora, naquele banco, desolada. Abandonada. Estagnada. Por que não tentara compreender o filho? Seria demais aceitar algo que fosse contra sua vontade? Pelo visto, o bastante para fazê-lo revoltar-se e fugir de casa...
Contudo, nada mais podia fazer, senão observar a cena que a rodeava. Em meio a tantos vendedores ambulantes, de livros, CDs (piratas) e brinquedos e os tocadores de violão, aqui e ali, ateve-se à imagem daquela criança que dormia tranquilamente, deitada em uma espécie de saco preso aos ombros da mãe, uma velha índia que, descalça e acocorada, recolhia os panos com seus artesanatos. Estavam no metrô. No subterrâneo.
Aquela mulher, tão miserável e inocente tinha, rente a seu peito, o afeto e o carinho em forma humana, naquele pequeno corpo, assim, desanuviado. Desconexo do mundo. À outra, no banco, para quem de nada mais servia a alto poder aquisitivo, nem ao menos restara o sorriso do filho. Ao contrário; apenas a mágoa e o rancor.
Foram embora. Em direções opostas. Uma para casa, para a família. A outra, para a imensidão vazia da casa, para a solidão.

Rodrigo Schmitt Lemmertz

Oi

Sempre achei que um simples cumprimento não fizesse mal a ninguém, mas parece que nem todos pensam dessa maneira. O que me intriga é que, nem por educação, ou até mesmo simpatia, é possível vislumbrar um sorriso, ou um simples gesto com a cabeça, que faça com que uma pessoa sinta-se ao menos percebida.
Eu via a moça diariamente. Todas as manhãs, quando me dirigia à escola, ela passava por mim. Eu não sabia para onde ia, nem me interessava saber, mas por um mero acaso da rotina, posteriormente, soube que trabalhava e ainda trabalha em Novo Hamburgo, onde estudo.
O engraçado é que aquela situação repetia-se seguidamente e permanecia inalterada. Pensei que pudesse ser uma pessoa inibida, apesar da vestimenta ousada, que evidenciava o contrário e, depois de longo tempo, durante o qual sequer trocávamos olhares, decidi que um “bom-dia” viria a calhar, mas a recíproca não era verdadeira. Meu singelo sorriso e voz aparentemente agradável ao saudá-la passaram despercebidos, sem nem receber retorno.
Não a vi outra vez. Pelo menos até há poucos dias. Eu esquecera-me do fato ocorrido, embora tenha considerado um insulto a minha boa intenção.
Pois bem, atualmente a encontro às terças-feiras à noite, tomando o mesmo ônibus que eu para retornar a casa. Imagino que ela não saiba quem sou, nem se lembre de mim. Pouco me importo. Talvez minha conjetura faça-se errônea sobre seu caráter, e quem sabe até seja uma moça carismática e gentil, mas tenho certeza que um simples “oi” não tiraria pedaço.

Rodrigo Schmitt Lemmertz
sábado, 25 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Azarada coincidência

Não acredito em má sorte, apenas em coincidência. Se bem que a minha vida é a própria coincidência. “Não abra guarda-chuva dentro de casa que dá azar”, minha mãe falava enquanto eu via a sombrinha nova que ganhei. Com uma boa risada eu o abri com tudo, acertado a lâmpada da cozinha, que fez meu guarda-chuva novo pegar fogo. Pura coincidência.
“Não passa embaixo de escada”, ela me alertava na rua. Sai correndo e um pintor quase me acertou com a lata de tinta, quase fatal. Mas na hora do desvio acabei metendo o meu pé dentro de uma vala de esgoto.
 “Gato preto dá azar quando passa na frente da gente”, azar mesmo é quando passa um e você é atacada por três cachorros enormes. Muito azar mesmo. Mas nesse dia eu também quebrei meu espelho portátil e me lembrei: “espelho quebrado dá sete anos de azar”. Sem dar importância comecei a catar os cacos, e não é que um se enfiou embaixo da minha unha, me obrigando a tirar cirurgicamente a minha linda unhazinha pintada de azul pro Grenal? Era o fim pra mim.
“Não pode andar de costas dá azar”. Tá, confesso que isso foi bobeira minha, tentar fazer uma maratona correndo de costas. A única coisa que consegui foi cair em cima de um bando de pedregulhos. 
Mas como eu disse, eu não acredito em azar. Tudo não passa da coincidência e conseqüências anteriores. Por exemplo: é óbvio que se você ficar correndo com um garfo de metal, num campo aberto e ainda num dia de temporal, é ÓBVIO que você vai ser atingido por um raio.
Enfim, agora vou tirar os meus óculos e ir dormir, que depois de tudo que passei por hoje (que incluiria ter meu casaco preso na porta do trem, quase ter sido atropelada e outras coisas que não devem ser citadas). E assim me vou indo e... Droga! Meu óculos novo não!
                                                                                                               Kymhy Hendges Mattjie Amaral

Crônica da crônica

Hoje me dediquei a recortar crônicas de jornal para fazer o estande do projeto. Trabalho robotizado: vê o que acha que é crônica, separa na pilha das crônicas, joga o resto do jornal outra pilha. Separa, joga. Separa, joga. Separa, joga.
Depois, alinhar e empilhar as folhas no seu lugar de origem. Alinha, empilha. Alinha, empilha. Alinha, empilha.
Me lembrei daquele filme do Charles Chaplin, Tempos Modernos. O cara trabalhava numa fábrica. Ficava o dia inteiro apertando parafusos. Quando foi despedido, saía na rua fazendo os mesmos gestos. Inclusive apertou o botão do vestido de uma mulher. Pensei se sairia da garagem assim como o Charles.
No meu quarto, lia o que achava que podiam ser crônicas. Se eram, colocava-as na cama. Se não, jogava no chão. As que eu já sabia que eram crônicas geralmente nem lia, já recortava e deixava na cama.
Agora o chão está pior que o centro em dia de eleição.
Dentre as 84 crônicas recortadas (e olha que eu nem recortei todas as crônicas, mas tem pra dar e vender), uma realmente me agradou. Espero que agrade vocês também.
                                                                                                      Isabel Gonzales Dermann
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A Copa de 70, Steve e Glênio

As aparições do Steve Jobs, o homem da Apple que toda semana anuncia algum novo aparelho, demarcam hoje a nossa obsolescência. Steve Jobs acelera o envelhecimento de tudo e vai tornando inútil até nossa capacidade de compreender o que inventa. Numa das aparições, decretou o fim do computador com teclado para daqui alguns anos. Logo agora que eu descobri pra que serve a tecla scroll lock.
Um consolo, se é que existe, nos é dado por Umberto Eco. O escritor italiano diz que ninguém conseguira extinguir garfos, facas, enxadas, tesouras, pentes, martelos, que são o que são desde que existem. Jobs não deve estar mesmo interessado em martelos.
Hoje, uma invenção de Jobs circula pelo mundo quase ao mesmo tempo em que é anunciada. Nem sempre foi assim. O homem da Apple é de uma geração, a minha, que teve a televisão como a grande mágica da comunicação. Mas Jobs viu uma transmissão ao vivo de Copa pela TV quatro anos antes de nós. Nossa primeira Copa ao vivo foi a de 70. Eram tempos em que uma invençãochegava aqui com lerdeza. Sabia-se que tal invento existia, mas a novidade tinha de atravessar oceanos até desembarcar nas periferias. Foi assim com a eletrola, o som hi-fi, o fax, o CD.
Para interioranos gaúchos, 70 não foi apenas o primeiro ano de Copa ao vivo. Foi o primeiro ano de TV. Repetidoras de imagem foram instaladas no Interior pela primeira vez naquele ano. Vejo Steve Jobs anunciando o novo iPhone 4, eu que não tenho o 1, e lembro do dia em que minha avó Nina e minha mãe, Nora, instalaram um televisor Admiral na sala. Alegrete, a terra de João Saldanha, o técnico da Seleção, iria ver a Copa. Saldanha caiu antes da Copa do México, e a imagem da repetidora também caiu poucos dias antes dos jogos. Caía e voltava.
E assim vimos a Copa. A repetidora era instável como os aparelhos de Steve Jobs. Assim se viu, naquele dia 3 de junho de 1970m o checo Petras marcar um gol no Brasil, correr para o escanteio e fazer o sinal da cruz. Ao vivo, a TV Tupi expunha um comunista que agradecia a Deus.
Minha avó atraiu todas as amigas da vizinhança. Servia chá e bolo. Sabiam tanto de futebol quanto eu sei a diferença entre o iPhone e o iPad. Éramos 90 milhões em ação. Uma gritaria. Alegrete estava alegre demais para ouvir os gritos nos subterrâneos da ditadura. Como fomos felizes naquele inverno de 70.
O que nos consola, e disso Umberto Eco não fala, é que inventaram jogos, amizades e amores virtuais, mas ninguém conseguirá desinventar a bola. Inventaram volantes em profusão, a seleção transformou-se numa confraria de jogadores prestativos, mas aqui estamos, torcendo por Gilberto Silva e Elano como torcíamos por Gerson e Jairzinho diante daquela caixa com moldura de madeira e chumaços de Bombril nas antenas. Há exatos 40 anos, Alegrete viu a Copa narrada por Geraldo José de Almeida.
Agora, imagine as próximas Copas em realidade virtual, com os jogadores circulando dentro de casa, talvez já em 2014. Dia desses, divaguei a respeito do que nos espera quando ouvi o Glênio Reis, com suas oito décadas de sabedoria, anunciar serelepe, enquanto investigava o chão do corredor que leva à Rádio Gaúcha:
-Se alguém achar um pen drive, é meu.
O que haveria no pen drive do Glênio? Elis, Arturo Sandoval, Gardel, Cartola, Noel Rosa, Nelson Gonçalves? Contemplei a procura do Glênio, vi minha avó manobrando o Bombril na antena, vi minha mãe servindo pão de ló para as vizinhas em algazarra e tive certeza de que não haverá nunca mais uma Copa como aquela. Mas pensei também que o pen drive do Glênio e alguns desses aparelhos feitos para durar pouco servem até para abrigar  nossas coisas perenes nestes tempos em que as perenidades duram uma semana ou pouco mais.
                                                                                                                          Moisés Mendes
sexta-feira, 24 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Trem das dez

Hoje fui até a estação Esteio, para ir ao teatro. Como estava com fome, comprei um pastel de frango(de massa surpreendentemente doce) e uma latinha de coca. Como o vagão estava cheio, sentei no chão. Uma moça, de aparentemente vinte anos, ofereceu seu lugar. Eu respondi com um tradicional "capaz".
O lugar ao lado dela ficou livre, mas ofereci-o à minha mãe. Elas começaram a conversar como se fossem amigas de infância. A moça de vez enquando olhava para mim, então concluí que provavelmente eu era o assunto da conversa.
Esvaziou um lugar na frente delas, que insistiram novamente. Cedi. Na minha frente, um homem que eu achei engraçado: tinha pés e mãos pequenos, então provavelmente era baixinho; tinha uma careca branca, apesar de ser jovem, aparentemente uns trinta anos; usava um óculos de grau que ficava engraçado com a sua careca; usava um terno, uma calça, uma camisa e uma gravata cinza. Figura incomum.
Ao lado dele, uma velha loira e vaidosa, que me lembrou minha avó.
Ouvi a conversa entre a moça e a minha mãe. Ela dizia que trabalha em um supermercado, que tinha vinte anos (acertei!) e que tinha um filho de dois. O sotaque dela era meio diferente, achei que fosse em outro Estado. Ela disse que mora em Canoas.
Saindo do trem, lembrei que provavelmente nunca mais verei a moça do banco, o homem careca ou a velha loira. Mas foi bom conhecê-los.
Encontrei minha irmã no teatro e ela me apresentou seus colegas, que também fazem teatro.
A peça estava incrível. Um monólogo sobre uma escritora alcólatra e decadente. Me identifiquei muito com a personagem (Hilda Hilst, e sim, ela existiu). O legal da peça era que ela falava de coisas complexas e filosóficas, mas também tinha muito humor. A atriz olhava diretamente nos olhos das pessoas, como que conversando, não atuando. Fazia muito tempo que eu não olhava por tanto tempo nos olhos de alguém. Acho que as pessoas se acostumaram a evitar o olhar, a temê-lo.
Saindo de lá, percebi que a rua estava repleta de papéis, bandeiras e adesivos políticos. Imaginem a quantidade de dinheiro, árvore e poluição envolvida nisso. Sem falar na poluição visual, porque é horrível olhar para tantas cores e rostos ao mesmo tempo.
Acho que o que um político faz durante a sua propaganda é uma fração do que ele vai fazer com o país. Se ele deixa a cidade se transformar em um chiqueiro agora, imagina a baderna depois?
Novamente no trem, exatamente às dez horas, vi uma família. O homem segurava muitas bandeiras e estrelas. A mulher tinha um adesivo grudado no peito, assim como a filha, que devia ter uns oito anos. Aí eu me pergunto: "porque uma criança gruda um adesivo político no peito, se ela nem tem noção do que é isso?"
Estação Farrapos. Um homem discretamente joga um copo plástico para fora do trem. Entra um homem de chinelo, bermuda e moletom, entregando umas folhinhas. Ele me dá uma. Dizia "Pedir é melhor do que roubar. Me ajude com 05 ou 10 centavos. Deus lhe abençoe. QUEM FAZ O BEM DO BEM SE CERCA!" seguido de muitos coraçõezinhos. No verso, ao lado da figura do Pluto, ele dizia com muitos erros gramaticais que tinha perdido a mãe, tinha HIV, estava desempregado e com uma filha de dois anos. Não lhe dei nada porque só estava com a passagem.
Nunca sei o que eu devo fazer quando chegam pessoas vendendo ou pedindo dinheiro no trem. Vai saber se o que eles falam é verdade? Vai saber se esse dinheiro não vai sustentar algum vício?
Acho que a vida me ensinou a confiar menos nas pessoas e mais nos animais, que não têm a malícia e a crueldade dos humanos.
Mas, como disse a atriz: vamos brincar de que o Brasil dá certo.
                                                                                                                            Isabel Gonzales Dermann
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Mudando de assunto, a Carol saiu do projeto, mas vai continuar ajudando no blog. Agora quem vai ficar no lugar dela é a Victória.

Beijo da gorda.

Colorido ou preto e branco?

Há pouco tempo atrás, vi uma cena lamentável na tv e fiquei muito atordoado com isso. Dois jogadores trocando camisetas e se abraçando no final de uma partida de futebol. Se fosse uma partida qualquer até seria relevante, mas não, era um GRENAL! Isto é inaceitável, e não me venham com: “ Eles eram amigos”, “ Paz nos gramados” e mimimi. E a rivalidade, aonde fica? Afinal, é futebol, pô! É a nossa herança das arenas, feras contra feras, coisas do tipo.
Mas isso não é culpa do futebol e sim da atualidade, cada vez surgem mais modinhas, e pegam como uma epidemia. Num dia eu saio na rua e vejo jovens com calças apertadas, camisetas cor sim, cor não, os meninos usando maquiagem e desenhando lágrimas no rosto; no outro dia estava tudo igual, só que com uma pequena diferença, estava tudo colorido! Eu me senti nos anos 70 ligando minha primeira televisão colorida, meus olhos arderam.
Mas o que isso tem a ver com futebol? Tem tudo a ver, oras! A maioria dos jovens está mais sensível e isso afeta em tudo. Não existe mais o clássico: “Te pego na saída”, e, sim, “Vou te xingar muito no twitter”. Está tudo mudado, muitos dizem que é só uma “febre”, que logo passa, mas se isso logo passa, o que mais nos aguarda?



                                                                                                                                Ruan da Rosa
quinta-feira, 23 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

A cor da esperança

E na hora marcada, eu estava lá. Em meio a secadores, esmaltes e mulheres maravilhosas com grandes histórias para contar. Fofocas e mais fofocas, quer um lugar mais próprio para isso?
A conversa era geral, dos assuntos mais diversos e, pelo reflexo do espelho, me deti a um deles.
Uma mulher, de aproximadamente cinqüenta anos, se ajeitava na cadeira, inquieta. Escolhi meu corte, com um pouco de receio e a cabeleireira pegou a tesoura. Quando, ao olhar de novo para o espelho, não achei a senhora. Depois de um silêncio seguido de gargalhadas, voltei-me para a direita e a encontrei. Ela havia escolhido a cor do esmalte e estava, agora, conversando com a manicure. Novamente me prendi a ela pelo reflexo e a ouvi contando sua história de vida. O marido havia lhe traído e ela, com o pouco de dinheiro que lhe restara, comprou um mansoléu de madeira em um bairro pobre. Trabalhava cuidando de uma idosa, quando sua casa pegou fogo e semanas depois, a velha já doente, morreu.
Foi quando ouvi uma voz repetindo meu nome inúmeras vezes, olhei-me no espelho. Uma franja que enfatizava um olhar de adolescente, com pouca sabedoria, mas muita vontade de viver.
E antes de sair pela porta, olhei a última vez para aquela mulher, de unhas verdes.



                                                                                                              Carolina Vieira
quarta-feira, 22 de setembro de 2010 | By: Carolina Vieira

Oi, meu nome é Paul e eu não sou um Beatle

Quando eu era criança, eu era feliz. Brincava com meus irmãos e meus pais cuidavam de mim. Mas um dia, quando me afastei da família, fui raptado.
John me treinava e me fazia brigar por dinheiro. Lucrava muito com as apostas. Só que ele se meteu em confusão e ficou muito pobre. Vendeu-me para um vidente chamado Ringo.
Ringo viajava muito, era hippie. Quando viajava, aprendia diversas técnicas de adivinhação. Tornara-se o maior vidente do mundo, tendo como slogan pessoal “Aquele que Tudo Vê”. Eu observava-o, aprendendo muita coisa.
Um dia, quando mudara-se para um subúrbio na Alemanha, fora morto por um assaltante. Fui encontrado por um veterinário chamado George, que me levou para morar com ele.
Quando mostrei meus dotes “videntísticos”, logo fui perseguido pela imprensa, que me pediu para adivinhar os resultados dos jogos da Copa.
Agora todos me idolatram, mas não sei o porquê. Talvez porque eu sou um polvo...


Isabel Gonzales Dermann, julho de 2010.

Por onde anda o Rock'n Roll?

Dia desses fui numa festa. Estávamos conversando, até que chegou no assunto da morte do cantor Dio. Como se já não bastasse, uma garota disse: “Um cara do Slipknot morreu”. Pensamos que ela tinha se enganado, mas infelizmente não.
Quando perguntamos quem morreu, ela falou: “Acho que foi o baterista”. Eu e o namorado dela, que somos fãs da banda, ficamos em estado de choque.
Slipknot é uma banda de rock pesado, com nove integrantes (agora oito), sendo todos muito bons no que fazem. Para mim, os melhores são o vocalista e o baterista. Mas “ainda bem” que quem morreu foi o baixista, pois é muito mais fácil achar um baixista incrível do que um baterista assim.
Cheguei à conclusão de que a maioria dos meus ídolos morreram ou estão perto de morrer. E as bandas novas são formadas por filhinhos de papai que só escrevem sobre garotas mimadas que não estão nem aí para eles, ou sobre popularidade, ou coisas fúteis do gênero. Não tem nenhuma música da moda que proteste sobre alguma coisa realmente importante, como as músicas antigas.
Agora a modinha são os coloridos, uma cruza de Xuxa com Teletubies que cantam onomatopéias grudentas e tentam ser garotas: se vestem, falam e agem como elas.
Por isso que o mundo quer acabar: como se já não bastassem as guerras, a poluição, o aquecimento global e o sofrimento, os humanos acharam outro jeito de irem contra as leis da natureza.


Isabel Gonzales Dermann, junho de 2010.

Meu Oceano Particular

Quando eu era criança, o verão era a melhor época do ano. Se íamos para a praia, eu brincava na pracinha. Se a grana estava curta, montávamos a piscina.
Lá pelas dez horas limpávamos e montávamos a piscina de mil litros. Enchíamos com a mangueira verde, esperando a água amornar.
Levava meus brinquedos para dentro da piscina, imaginando que eu estava no fundo do oceano, nadando com os golfinhos.
Teve uma época em que eu imaginava que poderia me comunicar com os golfinhos, se visse algum. Eu queria muito ser um golfinho. Talvez porque eu poderia viver o tempo todo dentro da água.
Sempre gostei muito de água. Quando minha irmã me ensinou a mergulhar, achei que talvez eu pudesse ficar muito tempo submersa. Ficava o tempo todo prendendo as narinas com os dedos e imergindo, procurando cada vez mais superar meu “recorde”.
Um tempo depois já não precisava mais usar os dedos, pois prender a respiração já havia se tornado um hábito.
No inverno eu sentia muita falta dos meus mergulhos. Deitava na cama e pedia para o meu pai cronometrar o tempo que eu conseguia ficar sem respirar.
Mas hoje a piscina Mor já não é mais montada, meus brinquedos já foram doados e meus pulmões não têm mais força total. E eu sei que nunca serei um golfinho.


Isabel Gonzales Dermann, agosto de 2010.

Primeiro post

Olá!
Nunca sei como se deve apresentar um blog, mas vamos lá:
O Psicrônicas foi criado por alunos da Fundação Liberato, mais precisamente do curso de mecânica, mais precisamente ainda da turma 3111.
Tudo começou com as Olimpíadas de Língua Portuguesa, na qual nós deveríamos escrever uma crônica. Mas antes desta principal, praticamos escrevendo outras crônicas.
A turma se empolgou, começou a escrever textos legais e a nossa professora sugeriu que fizéssemos um projeto para a FEICIT ("feira de ciências" do Liberato), com o intuito de divulgar as nossas e outras crônicas.
O blog foi ideia da Carol, que sugeriu que postássemos nossas crônicas.
O título foi escolhido meio aleatóriamente no dicionário. Psique significa a mente (segundo o Houaiss).
Os elaboradores do projeto são: Carolina Vieira, Isabel Gonzales Dermann (a que vos escreve), Rodrigo Schmitt e, ainda meio em cima do muro, Vinícius Diogo Flesch.
Aqui serão postadas as nossas crônicas e, se você, que não tem nada a ver com isso mas acabou de ver uma mosca sobrevoando seu monitor e quer escrever sobre ela ou qualquer outra coisa, pode mandar seu texto para psicronicas@gmail.com que provavelmente a publicaremos aqui. ;D
Bom, é isso, esperamos que vocês gostem ^^

Beijo da gorda.